Tenho Colite ou Chron. que alimentação devo seguir? Que dieta fazer?
Numa pesquisa no google ou se vaguearmos por alguns grupos do facebook, é fácil ver rmilhentas sugestões de quais as melhores dietas para seguir quando se tem Colite ou Chron e que alimentos se deve excluir. Acresce que a maior das vezes, se cruzarmos informação, a mesma é contraditória. E nós continuamos em modo desespero sem saber o que comer porque tudo parece fazer mal.
Na verdade, nos dias em que correm há muito vodou alimentar, mas não é possível recomendar nenhum pporque... nenhum deu provas científicas da sua eficácia no tratamento de uma Colite ou Chron. No entanto, há algumas evidências mais que provadas e recomendações a seguir. (nota: toda a informação que se segue foi partilhada num evento organizado por uma equipa médica e de investigadores do Hospital de Erasme em Bruxelas onde sou seguida.)
1) Evitar regimes de exclusão se não forem intolerantes!
Quando se tem uma intolerância/ alergia é possível através de exames cinicos identificá-las. Regimes de exclusão
quando não são intolerantes/ alérgicos a médio - longo prazo são na realidade contraproducentes e podem gerar ainda mais carências em cima daquelas que a própria actividade da doença já nos traz.
2) Intolerâncias são temporárias e variam de pessoa para pessoa
É normal os pacientes com DII terem intolerâncias a certo momento a determinados alimentos. E como é óbvio, são alimentos a evitar. Contudo, são intolerâncias temporárias. Ou seja, são determinados alimentos que hoje comemos e nos fazem um mal terrível e se calhar amanhã, uma semana depois, ou uns meses depois podem ser reintroduzidos sem qualquer problema. Por exemplo, durante alguns anos depois do meu diagnostico, legumes verdes davam-me uma diarreia tremenda. Nos exames de intolerância, dizia que não havia nenhm problema. Estranho não é? Na minha última crise, recomecei a testar novamente tudo o que comia (já falei do diário do cocó aqui e de facto ajuda muito). Conclusão: nos dias que correm reintroduzi legumes e frutas que durante algum tempo não conseguia chegar perto. Em contrapartida, havia outros alimentos que nunca me tinham feito nada e que tive de deixar (pão, salmão, ovos e açucar são alguns exemplos). Cada vez que comia pão ou salmão nem queiram imaginar. Posso dizer-vos que esta semana já comi duas vezes salmão e sem problema e há umas semanas comecei a reintroduzir o pão, sem problemas. Da mesma forma, há pessoas que comem ovos, pão e salmão sem problemas. Ou seja, no que diz respeito a intolerâncias, cada caso é um caso. Nos pacientes com DII as intolerâncias mais frequentes são à lactose e a fibras insoluveis (por exemplo, cogumelos)
3) Existem 2 tipos de intolerância à lactose: primária e secundária
A intolerância à lactose primária é uma condição permanente, determinada geneticamente e tem origem na redução da actividade da lactase. Desenvolve-se naturalmente, ao longo do tempo, com a diminuição da produção de lactase desde a infância até à idade adulta. A quantidade de lactose que causa desconforto varia de indivíduo para indivíduo, dependendo da quantidade de lactose consumida, do grau de insuficiência da lactase e da composição nutricional do alimento no qual a lactose é ingerida.
A intolerância à lactose secundária é uma condição temporária. A actividade da lactase é reduzida devido a doenças ou lesões que prejudicam a mucosa intestinal (como por exemplo doença celíaca não tratada, doença de Chron, etc.). Quando a doença ou a lesão se cura, a actividade da lactase é recuperada. A intolerância pode ser permanente se a lesão for irreversível, como acontece no caso de intervenção cirúrgica com ressecção intestinal.
Ou seja, podes ser intolerante à lactose (como é o meu caso) e ainda tolerar leite, queijo, iogurtes, manteiga, etc. Eu só não consigo tolerar leite porque tenho um nível de intolerância a rondar os 80%. E sim, fiz o teste de intolerância no hospital para saber se o era ou não porque os doentes com doença inflamatória do intestino desenvolvem o segundo tipo de intolerância. Noutro post a publicar em breve falarei com os níveis de lactose.
4) Posso beber alcool?
Na verdade não existe contra-indiccação da ingestão de alcool com Doença Inflamatória do Intestino. Contudo, o alcool pode irritar a mucosa do estômago e do intestino, mas na mesma medida de uma pessoa normal. É por essa mesma razão que quando se está em crise se deve evitar o alcool: a mucosa já está irritada que chegue, não é preciso mais lenha para a fogueira. Com cuidado e em moderação, um ou dois copinhos de vinho num jantar com amigos não fará mal nenhum. Convém no entanto relembrar que convém confirmar com o médico se a medicação que estão a tomar tem ou não interacção com a medicação.
5) Devo tomar probióticos?
Bom... tendo em conta o sistema digestivo e o seu funcionamento, probióticos com Chron é inútil. Já na Colite ulcerosa tem um impacto positivo que pode ser comparado ao mesmo benefício que se obtém com a mesalazina (por exemplo, o Pentasa e Salofalks desta vida). De facto, os probióticos podem ser utilizados para impedir a proliferação de más bactérias e ter um impacto na sintomologia como diarreias.
6) Que suplementos posso fazer?
Na realidade, doentes com DII revelam carências alimentares, ou pela actividade da doença ou pela exclusão de alimentos da dieta. Os suplementos devem ser adequados às carências que o paciente apresenta e através de análises clinicas o médico saberá indicar qual o melhor para cada um. Acresce ainda que o objectivo será sempre 1) tratar a causa das carências (ou seja, se estamos em crise, colocar-nos em remissão) e 2) corrigir as carências que o paciente apresenta.
7) E produtos naturais?
A medicina não é fechada em si como muitos pensam. De facto, as terapeuticas alternativas são estudas e medida a sua eficácia. Aquelas que provam ter de facto um impacto positivo na doença são incluidas no tratamento de doentes. Dito isto, está provada a acção benéfica da Curcuma em doentes com DII.
8) Afinal que posso ou não comer?!
Fazer uma alimentação o mais variada possível seguindo a estrutura da piramide alimentar. Obviamente que se detectarem um alimento que tem um impacto negativo nos sintomas, retirá-lo durante algum tempo e voltar a reintroduzi-lo mais tarde. No caso dos pacientes com DII, frutas e legumes devem ser consumidos moderadamente com especial atenção em períodos de crise.
Em caso de dúvidas, devem procurar conselho de um especialista credenciado em nutrição para DII. Em Portugal, a APDI pode ajudar a encontrar um.