O tempo perguntou ao tempo: o que é que o tempo faz?
Não tenho escrito no blog. Por vezes penso que deveria escrever algo, mas não creio que faça sentido escrever algo só porque sim. Verdade é que têm sido semanas longas, com uma nova realidade a que me habituar, toda uma nova dinâmica para entranhar-se.
Amanhã faz 5 semanas que estou em casa. Cinco semanas. Já tive semanas que passaram a voar, outras que pareceram anos. Dias triste, dias depressiva, dias motivada e alegre. Uma espécie de carrossel emocional.
Vejo gente empenhada em motivar outros a fazerem tudo e um par de botas. Sinceramente, não quero aprender uma língua nova, nem aprender a fazer macramé ou em perder 5 quilos durante a quarentena. Tenho trabalhado a partir de casa em modo emergência. O Mais Que Tudo também. Trabalhamos em modo não stop desde que acordamos até ao fim da tarde. Fazer jantar, limpar a casa, tratar do cão e a seguir ao jantar o que queremos é sopas e descanso. E há dias em que não apetece cozinhar, nem limpar e está-se bem. Porque raio temos que estar constantemente em pressão que temos que fazer coisas?
Limitei o meu acesso às noticias propositadamente. A quantidade de informação e desinformação, contradições e suposições e pseudo peritos em pandemias estavam a rebentar com o meu neurónio. A minha qualidade de sono melhorou imenso desde que fiz isso! Já chega ter que lidar com toda a incerteza do quando sairemos de casa; como sairemos; quando poderei ver a minha familia em Portugal novamente. Ter que lidar com arautos da desgraça e curas milagrosas e pessoas sem escrupulos a tentar ganhar dinheiro com o desespero dos outros, foi o meu limite.
A minha casa sempre foi um porto seguro e farei tudo para que assim continue a ser. Portanto, menos noticias, menos redes sociais. Saúde mental agradece. E se calhar foi também por isso que me afastei da blogosfera. Porque há muitas emoções para gerir, mais do que é normal; muitas incertezas. E só isso, já é um trabalho a tempo inteiro. Por isso, não: não irei aprender uma lingua nova, nem treinar todos os dias, nem aprender a fazer macramé. Irei continuar a gerir as minhas emoções, irei continuar a trabalhar e a ter momentos meus de calma e tranquilidade sempre que queira e precise.
Depois da quarentena, certamente haverá vida. Talvez uma vida diferente daquela que conhecemos agora, mas ainda assim: vida. E nessa vida, haverá tempo para tudo o resto tal como houve na vida pré-covid.