O livro que me fez chorar
Correcções de Jonathan Franzen é um livro longo p’ra xuxu. Foi-me oferecido por um amigo pelo meu aniversário e jazia na prateleira à espera da sua vez há mais de dois anos.
Confesso que comecei a ler e ao fim de 50 páginas só queria cortar os pulsos. O autor parece escrever ao metro e é mais exaustivo que Eça na descrever Sintra n’Os Maias. Não desisti porque não sou pessoa de desistir. E sendo certo que romances não é muito a minha onda, calculei que isso também tivesse um facto de peso na minha angústia a tentar manter-me focada com o autor.
Contudo, devo admitir, que as últimas 30 páginas o caso mudou de figura. Não irei explicar o livro porque não vos quero privar de lerem mais de 500 páginas. Contudo, talvez pelos últimos anos de vida do meu pai e a sua morte há cerca de 6 meses, as últimas 30 páginas levaram-me às lágrimas.
Imaginar as vivências pessoais dos meus pais e os últimos dias de vida do meu pai, faz com que o coração fique demasiado apertado para ignorar que a história escrita por Franzen é na verdade semelhante à história de muitos de nós.
Se por um lado estou inclinada a não recomendar o livro pelas divagações e dissertações que o autor faz, por outro lado recomendo vivamente. Simplesmente por nos trazer à consciência algo que muitas vezes parecemos esquecer: empatia. E o dom de nos colocarmos nos sapatos dos outros antes abrirmos a boca a acharmos que o mundo está contra nós. Por vezes, coisas tão simples como a quase exigência de passarmos um Natal todos juntos tem na verdade, um significado que nos transcende enquanto seres individuais.
E o meu único conselho, é que não esperem pelo dia do pai, da mãe dos avós, do irmão, do gato ou do cão, para mostrarem o quanto amam aqueles que vos são próximos. Porque o deixar para amanhã… bom… o amanhã pode não chegar.