Nem aqui me safei!
Ontem a campainha arrancou-me da cama. Estranhei, porque normalmente, os meus amigos ligam-me antes de passarem lá por casa para se certificarem que estou. Mas ontem não recebi nenhuma mensagem nem telefonema e a campainha estava a tocar.
Levantei-me um bocado contrariada para ver que tinha à porta o que parecia serem duas pessoas. Estavam tão coladas à campainha, que nem dava para perceber pelo visor o rosto delas. Peguei no auscultador e disse um sonoro "yes?!". Recebi resposta em Português. E eis que a paródia começou. Em português, começaram a dizer que tinham um convite para me entregar, se lhes podia abrir a porta. Como disse que não e insisti para se identificarem, continuaram a conversa. Um convite para a festa da morte de Jesus Cristo. Retorqui que nao estava interessada. Entre as remelas que ainda habitavam no canto dos meus olhos, fez-se luz: Testemunhas de Jeová! Há Testemunhas de Jeová portuguesas em Bruxelas que devem andar a correr os prédios a tentar encontrar nomes portugueses nas campainhas para abordarem e encontrarem convites.
Mais uma vez respondi que nao estava interessada, obrigada. Mas perante a insistência a roçar o abuso, saltou-me a pouca paciência de quem foi arrancada da cama pela campainha num Domingo de manhã cinzento e chuvoso e saiu-me um sonoro: "Deixe na caixa de correio, leve consigo, não quero saber! Agora desampare-me a loja!".
Mais tarde no decorrer do dia, e já com o cérebro a funcionar, lembrei-me que em Lisboa também costumava sair da cama ao Domingo com Testemunhas de Jeová a divulgarem a palavra. E como começam a trabalhar cedo...! Um dia perdi a paciência. Não sou pessoa que gosta de repetir o mesmo muitas vezes. Por isso, abri a porta com a faca do pão na mão e vocirei um sonoro "algum problema?!". Remédio santo: a faca do pão apesar de "inofensiva" assusta pelo tamanho e eu pude finalmente começar a ter manhãs domingueiras sossegadas. Nunca pensei é que me encontrassem aqui....