Intolerância à lactose: 4 respostas importantes!
Nos dias que correm há um grande debate em torno da necessidade do leite e derivados e se adultos o devem manter na sua dieta ou não. Não irei falar desse debate, mas sim no caso de quem quer continuar a manter leite e derivados na dieta e é intolerante à lactose.
Tal como expliquei aqui, existem dois tipos de intolerância à lactose: primária e secundária. A intolerância primária é uma condição permanente a secundária é uma condição temporária (e a mais comum entre doentes com Chron ou Colite). Existe igualmente a intolerância congénita que é quando a pessoa nasce já sendo intolerante à lactose.
1) Ora, que raio é a lactose?
Segundo a equipa do Diário de uma Dietista, a lactose não é mais do que o açúcar do leite. Por cada 100g (100ml) de leite obtém-se cerca de 5g deste açúcar. Todos os leites têm sensivelmente a mesma quantidade de açúcar (ovelha, vaca, cabra), independentemente do seu teor de gordura (magro, meio gordo, gordo), ou tratamento (cru, pasteurizado, esterilizado, UHT). Ser intolerante à lactose significa que a pessoa não produz em quantidade suficiente a enzima (chamada lactase) responsável por decompôr a lactose em coisinhas mais pequenas que o corpo possa absorver e gerir. A lactase é produzida na parede do intestino. Logo, no caso das pessoas com Chron e Colite, se o intestino está todo avariado, a probabilidade de produzir lactase é bastante reduzida.
2) Quais os sintomas de intolerância à lactose?
Consoante vamos envelhecendo, menos lactase vai sendo produzida pelo organismo e é este facto que determina o grau de intolerância à lactose de cada pessoa.Segundo a equipa do Diário de uma Dietista, por exemplo, existem adultos que podem tomar no máximo um lácteo por dia, outros nenhum, ou apresentarão os seguintes sintomas:
- Flatulência (gases)
- Diarreia (três ou mais vezes por dia) ou Obstipação (prisão de ventre)
- Inchaço abdominal
- Inchaço dos membros inferiores
- Dor no estômago
- Digestão difícil e longa
- Azia
- Náuseas (enjoos)
Também é importante reter que é bastante frequente e normal um adulto deixar de beber leite por um espaço de tempo e quando torna a ingerir já não tolerar. Simplesmente porque o intestino, deixando de ser estimulado pela presença do leite, começa a produzir menos lactase, desenvolvendo-se a intolerância.
3) Mas... como sei se sou intolerante à lactose?
O site Sem lactose explica de uma forma acessivel as 4 formas possíveis de saber com certeza se é intolerante à lactose e em que grau. (Neste site conseguem igualmente encontrar receitas e conselhos úteis). Assim sendo:
1.Tolerância à lactose: a lactose depois de digerida produz duas moléculas: a glicose e a galactose. Para fazer este teste o paciente ingere em jejum um líquido com dose concentrada de lactose e durante duas horas obtém-se várias amostras de sangue para medir o nível de glicose, que reflete a digestão do açúcar do leite. Se a lactose não é quebrada, o nível de glicose no sangue não aumentará e, conseqüentemente, o diagnóstico de intolerância à lactose será confirmado. Este exame não é indicado para crianças pequenas.
2. Hidrogénio expirado: (em inglês, Hidrogen Breath Test). Este exame mede a quantidade de hidrogênio excretado pelos pulmões, que em situações normais é bem pequena. O quadro é diferente quando as bactérias do intestino delgado fermentam a lactose (que não foi digerida) e produzem vários gases, incluindo o hidrogênio, que por sua vez é absorvido e ao chegar aos pulmões e é expirado. Para fazer o exame, o paciente ingere uma solução de lactose e o hidrogênio expirado é medido em intervalos regulares. Níveis elevados de hidrogênio indicam uma digestão inadequada da lactose. Este foi o exame que eu fiz para determinar o meu nível de intolerância.
3. Deposição de ácidos : trata-se de um exame indicado tanto para crianças pequenas como para crianças maiores. A lactose não digerida é fermentada pelas bactérias do intestino grosso e produzem ácido láctico e ácidos graxos de cadeias curtas e ambos podem ser detectados em uma amostra de deposição.
4. Exame Genético: este é um exame novo, que promete ser a melhor forma de diagnosticar a intolerância à lactose pois é rápido e não produz sintomas desagradáveis como no caso do exame de ingestão de lactose. Neste exame o paciente retira uma pequena amostra de sangue e seu DNA é estudado para verificar se há mutação em relação à produção da enzima lactase. O resultado sai em 5 dias.
No caso de pessoas dom Doença Inflamatória do Intestino convém que o exame seja feito numa altura em que a doença esteja sob controlo sob pena de produzir um resultado não totalmente exacto. Isto porque durante crises é normal o intestino não produzir a lactase.
Para perceberem melhor os vossos resultados, há um site que explica este e outros testes de intolerâncias. Podem aceder aqui.
4) Então, se sou intolerante tenho que deixar de comer tudo o que seja derivado de leite?
Na verdade, não e depende também do quão intolerantes são. Primeiro porque existem uns comprimidos de lactase que se pode tomar e ajudará a digerir a lactose de qualquer produto lácteo. Depois existem já bastantes opções de produtos sem lactose: leite, iogurtes, queijo, manteiga, natas, etc. Mas atenção, também já começa a existir muito marketing e por vezes põem o rótulo sem lactose em produtos que nunca na vida tiveram lactose.
Depois, dependendo do nível de intolerância de cada um, é possível ingerir alimentos com lactose aaté um determinado nível. Ou seja, eu sou intolerante a 80%. Não tolero leite de todo. Mas 1 iogurte e uma sfatias de queji por dia, não tenho qualquer problema.
A Sociedade Portuguesa de Pediatria fez um estudo bastante interessante sobre os níveis de lactose presente em diversos tipos de iogurtes à venda em Portugal. Pode ver um resumo na tabela abaixo: