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Escadinhas do Quebra Costas

(con)Viver com Doenças Inflamatórias do Inflamatórias do Intestino. Aventuras, desventuras e muita galhofa! Que a rir custa menos e por isso "Sou feliz só por preguiça."

Escadinhas do Quebra Costas

(con)Viver com Doenças Inflamatórias do Inflamatórias do Intestino. Aventuras, desventuras e muita galhofa! Que a rir custa menos e por isso "Sou feliz só por preguiça."

07 de Dezembro, 2016

#IBDVisible Um carrinho de mão de dicas: quem é amiga, quem é?

Vera Gomes


IBDVisible



Há coisas que se vão aprendendo com a experiência, outras que senti que alguém me deveria ter avisado antes de me ter "alistado" para uma companheira de vida como a colite ulcerosa. Deixeo-vos aqui uma mistura de dicas com divagações, chamemos-lhe assim. Pode ser que sejam úteis a alguém, porque teriam sido muito úteis se o médico me ivesse alertado para alguns pormenores quando me deu o diagnóstico.

 

1) Roupa Interior

Gavetas cheias de fios dentais, tangas e lingerie rendada. Sim, porque uma mulher tem que estar sempre pronta para qualquer eventualidade! Pois... meus amigos, quando o rabinho começa a ser martirizado com jorros de diarreia de 30 em 30 minutos (nos dias bons), tubos, exames, análises, e sabe-se lá mais o quê, esqueçam! Fio dental só mesmo nos dentes, tangas só o Tarzan e lingerie sexy rendada só sai da gaveta naqueles momentos especiais a dois. O melhor e mesmo a cuecinha da avó porque ajuda a conter os acidentes e aumenta a probabilidade de salvar as calças. Dentro das acuecas da avó existem vários estilos diferentes, cores e feitios. Ao fim de algum tempo até um boxerzinho com um nico de renda à volta sem um poio de merda lá dentro passa a ser o expoente máximo de roupa interior sexy que se consegue usar. O meu conselho: Se querem andar sempre sexys mas de rabo protegido, apostem nos soutiens!

 

2) Viagens

Em 9 anos sempre viajei. Umas vezes mais, outras vezes menos, mas viajei sempre que pude. Já viajei bem, já viajei com muitas emergências, já viajei de fraldas. Fui literalmente para o outro lado do mundo de fraldas, mas fui. Sempre tive esta necessidade de sentir que eu é que controlo a doença e não o contrário, o que por vezes se demonstrou ser tiros nos pés. Mas enfim... isso são outros quinhentos! Apesar de tudo, tomei sempre as minhas precauções. Na mala segue sempre uma cópia dos meu historial médico, em inglês, desde que me foi diagnosticada a doença. Uso uma pulseira de alerta médico que diz (Colitis) e que podem comprar na internet (eu comprei a minha no ebay) ou simplesmente mandar gravar. Levo sempre comigo para todo o lado durante a viagem uma mochila ou uma carteira maior que permita levar uma muda de roupa que inclui: toalhitas (compro uns pacotes pequenos de toalhitas desinfectantes na farmacia que uso para me limpar ou para limpar a sanita), cuecas, calças/calções. Asseguro igualmente que levo medicação extra. Por exemplo, se viajo 10 dias, levo medicação suficiente para 15 dias. Para além do incontornavel Imodium, repelente, etc etc e qualquer comum dos mortais leva em viagens. 

 

3) Passar fome é que não!

A minha carteira é uma autêntica mala do Sport Billy. Além de ter sempre uma bolsa com toalhitas, desinfectante para as mãos (que uso para desinfectar sanitas em lugares públicos) e umas cuecas, consta sempre uns pacotinhos de bolachas. Daquelas que posso comer sem ficar a sentir um balão de ar quente a correr para a sanita. Assim, sempre que num almoço de trabalho o menu não conste nada que possa comer, não passo fome. Agua, chá e bolachinhas. (Não admira que pareça um anjo da Victoria Secret em miniatura). Para os jantares fora, cá em casa pesquisamos na internet o menu do restaurante antes de sair. Às vezes vemos dezenas de restaurantes até conseguir um que permita ter dois ou três pratos que possa comer. Noutras situações, entre amigos e familia, simplesmente prefiro levar a minha comida de casa. É mais seguro para mim (garanto que como apenas o que posso comer e não corro riscos) e menos stressante para a pessoa que recebe que por vezes tem que alterar todos os seus hábitos de cozinha por minha causa. Win-Win!

 

4) Trabalho

A minha primeira gaveta da secretária é uma autêntica mercearia adaptada às minhas necessidades. Se passar muitas horas sem comer normalmente fico com dores e incho. Além que a pilha ceça a acusar que precisa de combustivel. Assim garanto sempre umas bolachinhas caseiras, uns snacks saudaveis só com ingredientes que posso comer e que não causam estragos. Além disso, ou na gaveta ou no armário, há sempre uma muda de roupa completa. Just in Case. Um vestido meia estação, meias, sapatos e roupa interior. Uma fralda, toalhitas, lenços. 


Ilustração: João Falcato

Digitalização: Paulo Solano