Estamos todos juntos no mesmo barco: o meu mais sincero obrigada!
Confesso que quando recebi o texto da Dr.ª Raquel Gonçalves para o livro "conViver com as Doenças Inflamatórias do Intestino", senti um buraco a abrir-se debaixo dos meus pés e as lágrimas vieram-me aos olhos.
Em 11 anos de Colite Ulcerosa, pensei no impacto que a doença tinha nos meus amigos, na minha família e naqueles que me são próximos, mas nunca pensei do impacto que tem na equipa médica que nos segue. Os médicos por norma são vistos quase como sendo máquinas. Despojados de emoções ou de humanidade e de qualquer vida própria e até familiar. Ninguém pensa como é para eles dar-nos noticias do tipo: a medicação não está a funcionar; tens que ser internada; tens que fazer cirurgia. Sabemos como é para quem recebe a notícia, mas nunca pensamos como é dar essa mesma notícia.
Um médico que tem mais de 40 consultas num dia de 8 horas, fora aqueles casos de última hora que aparecem por terem tido uma recaída ou um sintoma grave e que requer ser visto, e ainda seguir os pacientes que estão internados. Sabe-se lá quando conseguem almoçar ou quantas vezes conseguem cumprir com os compromissos familiares. Vivem as nossas dores e alegrias como se fossem deles. Em silêncio a maioria das vezes.
O médico que nos segue, sabe mais sobre nós do que aquilo que nós pensamos. Celebra as nossas vitórias connosco (mesmo que sejam em silêncio e depois de sairmos do consultório); chora com os nossos desaires. Por isso é que no dia em que houver algo que, comprovadamente, nos ajude, o nosso gastroenterologista será o primeiro a mencionar numa das nossas consultas.
O testemunho da Dr.ª Raquel para o meu livro lembrou-me que o nosso médico, enfermeira, assistentes são humanos tal como nós. Têm dias bons e maus, tal como nós. Têm cansaço acumulado tal como nós. Por isso, da próxima vez que forem ao hospital, digam bom dia, levem uma flor, um chocolate, um mimo feito por vós. Porque afinal... estamos todos junto neste barco que são as Doenças Inflamatórias do Intestino!