A Incógnita Cardíaca: fadista ao vosso dispôr
Cruzei-me recentemente com uma fadista daquelas que jamais se esquecem: a incógnita cardíaca. Incógnita porque nem os músicos que estavam com ela sabiam o nome dela, nem a senhora disse qual o seu nome. Cardíaca, porque tem problemas cardíacos. E não só. Durante uns 15 minutos de espectáculo, a Incógnita Cardíaca partilhou com a audiência o que lhe ia na alma: em canção e em monólogo. Apesar do espéctaculo ter começado com qualquer coisa como 30 minutos de atrasao, ficamos a saber que a senhora faz do fado a vida dela há muitos anos e que chegou atrasada mas a culpa não é dela. Sim, não é dela, e cito: "desculpem o atraso. O mundo artístico chega sempre atrasado. A culpa não é minha, não é de vocês: é de toda a gente". Perante isto, pouco mais existe a dizer....
Os 15 minutos de espectáculo que podemos assitir (sim, eramos um grupo de 4 que estavamos tão pasmadas que mal conseguiamos falar) ouvimos queixas de toda a sorte. Basicamente, a pausa entre cada canção era preenchida com um rol de queixas que ia desde o dito atraso, aos problemas de saúde, às vivências mundanas do dia a dia. Creio poder concordar totalmente com a senhora: o fado é a vida dela. E está tão enraizado que é-lhe díficil estar mais de 15 segundos sem se queixar da má sorte ou sem deixar transparecer o seu... fado.