Viagem religiosa, pura e casta!
Mas não foi nada fácil! Porque a viagem de comboio até à terrinha foi de facto suis generis.
Para não fugir à tradição, não se sentou nenhum gajo giro e atraente ao meu lado. Sentou-se uma senhora, que deveria estar perto dos 60 anos, respeitável e silenciosa. Até o comboio arrancar. Aí, muito discretamente, procurou na sua mala o seu Terço e começar a orar, certamente para que a viagem corresse ou o maqinista não se lembrar de fazer greve a meio do caminho.
Contudo, eis que passa o "hospedeiro" gentilmente e já num tom monocórdico a indagar se "desejam tomar alguma coisa". E para meu espanto e de muita gente naquela carruagem, a simpática senhora profundamente religiosa, deixou-nos de queixo caído. Timidamente à primeira, muito mais segura de si à segunda vez que teve que informar o senhor do seu pedido, lá lhe saí "é uma cerveja por favor". E claro que alcóol e as suas reces não combinam e por isso, enquanto bebeirou a sua Sagres o Terço foi discretamente colocado na sua mala até próxima investida.
A senhora seguiu viagem após eu sair do comboio, mas estou certa que o facto de não ter ficado agoniada com os solavancos do Alfa foi graças às orações que iam sendo murmuradas ao meu lado.