O Sábado passado, 23 de Setembro, foi o dia da primeira Brussels Night Run, ou como eu gosto de lhe chamar: a corrida dos pirilampos. Como já tinha referido várias vezes no blog, eu decidi ir correr os 8kms propostos num misto de entusiasmo e claramente, insanidade mental. Implicou obviamente, alguma preparação física, não só porque nunca na minha vida havia corrido 1mt que fosse (a não ser que correr ocasionalmente para apanhar o autocarro conte), mas também porque com a minha última crise da Colite perdi imensa massa muscular. Além disso, diz que já não vou para nova, e por isso o tempo de recuperação é bem maior do que antes.
Bom, voltando ao importante. Depois de uma nite mal dormida, e uma sesta de 2h no Sábado á tarde, um prato de massa antes da corrida e duas fatias de pizza ao almoço, senti que estava por tudo. Lá fomos buscar a t-shirt amarelo fluorescente, a lâmpada para levar na testa e o dorsal. Número 534. Promissor.... Há hora marcada lá estavamos no aglomerado de pirilampos prontos para ir correr (o Mais que Tudo devia ter de imediato um lugar garantido entre 70 virgens ou sei lá mais o quê). Comecei devagarinho porque mesmo durante os treinos nunca tinha feito tanta distância e tinha medo que as canetas não aguentassem até ao fim. Além disso, sabia que a parte final do percurso era fodida tramada porque era sempre a subir. E meus amigos, Bruxelas parece muito plana, mas ali no centro tem uns altos e baixos do demo!
Ao fim de 1km (que era a descer) já estava a ultrapassar pessoal no alto do meu passo de caracol. Simplesmente havia malta que a certo ponto a descer, decidiu andar. Fiquei curiosa para saber se chegaram ao fim... A corrida lá continou, com animação pelo caminho, transeuntes (locais e turistas) e apoiarem os pirilampos que passavam como se fossemos verdadeiros atletas de alta competição.
Até que chegou as subidas do demo.... A primeira, que até a andar é fodida tramada, fi-la a correr a maldizer a rganização que pôs as subidas no final do percurso. Depois veio um ligeiro alivio para se seguir de outra subida ainda mais ingreme. E quando pensava que não havia mais, lá estava outra ainda pior. Confesso, fi-las parcialmente a andar a passo largo porque tinha receio de não conseguir fazer o percurso completo se me metesse a correr aquelas montanhas.
Por fim, lá chegamos a zona final, plana (Ainda bem!!!!) para correr os quilómetros que faltavam. A 20 metros da meta vi um corredor estendido no chão a receber reanimação cardíaca.... Continuei e de repente vi a meta. Comecçou a trepar por mim acima uma vontade de chorar que ainda agora me fazem lágrimas vir ao olhos. Aguentei-me historicamente para logo de seguida fraquejar quando me estenderam a medalha e darem-me uma bebida. Quando o Mais que Tudo olhou para mim e disse: "vais chorar?!" eh pá... só consegui responder "Estou!". Uma outra corredora, no alto da sua senioridade, resolveu abraça-me e dizer-me repetidamente "Estamos orgulhosos de ti" ao que eu, enquanto a abraçava com todas as forças que me restavam, respondia "Vocês não me conhecem!". Um final épico, portanto. ;)
Verdade é que não me interessava ser a primeira. Interessava-me provar a mim mesma e a outras pessoas com Dença Inflamatória do Intestino, que a podemos abrandar, mas nada nos pára. Se formos determinados o suficiente, se soubermos ouvir o corpinho e dar-lhe descanso quando ele pede, conseguimos fazer tudo na mesma. Nem sempre quando queremos, é certo, mas tudo se faz. Foda-se! Há um ano atrás cada vez que andava 10m tinha que dormir uma sesta por causa do cansaço. Agora: corri 8kms! Quem é que manda nesta merda?! ;)
Para vosso gáudio, deixo-vos algumas fotos.