Dos Impérios
Nenhum império sobrevive à emoção. Criam-se fronteiras, mas são artifícios, linhas inventadas que podem impedir a livre circulação de bens e pessoas, mas não impedem que as emoções as rompam. (...) Para compreender o império, devemos olhar para um homem qualquer que passe na rua. E veremos que, por mais racional, por mais fronteiras que ele coloque para agir correctamente, mais tarde ou mais cedo sucumbirá à emoção. Se um homem tiver fome, o seu estômago tomará o poder. Nenhuma cabeça, nenhuma ordem será capaz de contrariar a barriga vazia. O império vai ruir.
in O Pintor Debaixo do Lava Loiça, de Afonso Cruz