O meu pai foi carteiro. Está reformado há um ano e meio, mas durante anos distribui alegrias e tristezas diariamente.
Eu cresci no meio de registos, avisos de recepção, envelopes e selos. Lembro-me de ser miúda e de esticar a língua para que o meu pai pudesse humedecer o selo e colocar na correspondência que alguém lhe tinha pedido para expedir. Recordo com alguma saudade a farda azul que o meu pai vestia para depois montar a bicicleta (sim, meu caro, há muitos anos atrás o correio era distribuido de bicicleta e/ ou a pé) e das histórias que amiúde contava de peripécias, aventuras e desventuras que lhe aconteciam no dia-a-dia. Acreditem que os carteiros têm muitas histórias para contar!
Ainda hoje, o meu pai é conhecido lá na terrinha por Carteiro. Toda a gente o conhece e ele conhece toda a gente. Sabe com primor as alterações que a vida das pessoas sofreram: mortes, nascimentos, despedimentos, novos empregos, novas aventuras, etc; e guarda essas informações com a confidencialidade por que sempre se pautou. Dedicou-se de corpo e alma à empresa que o acolheu, sobreviveu a épocas menos boas e tentou sempre ser ainda melhor na sua funções. Recebeu prémios anuais por mérito no CDP que trabalhou durante quase 20 anos e todos o recordam por ele estar extremamente concentrado no seu trabalho durante as horas que passava a prestar um serviço público.
Foi por isso com algum carinho e reconhecimento que hoje de manhã vi uma reportagem sobre o concurso que os CTT realizou desafiando os carteiros a fotografarem aquilo que vêem diariamente (e acreditem que vêem muita coisa!)
Podem ver algumas dessas fotos aqui e aqui.
E para ti, pai, nunca te disse o suficiente o quão orgulhosa estou de ti!