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Escadinhas do Quebra Costas

(con)Viver com Doenças Inflamatórias do Inflamatórias do Intestino. Aventuras, desventuras e muita galhofa! Que a rir custa menos e por isso "Sou feliz só por preguiça."

Escadinhas do Quebra Costas

(con)Viver com Doenças Inflamatórias do Inflamatórias do Intestino. Aventuras, desventuras e muita galhofa! Que a rir custa menos e por isso "Sou feliz só por preguiça."

27 de Outubro, 2007

Hermitage

Vera Gomes
Hoje fui ao Palácio Nacional da Ajuda ver a exposição do Hermitage.  A exposição vale a pena, principalmente pelo brilho dos diamantes que por lá abundam. Mas vale muito mais o Palácio em si. A sala onde a mesa está pronta para servir o jantar tem um tecto fabuloso! O que é Nacional, continua a ser muito bom!
16 de Outubro, 2007

Percebem agora?

Vera Gomes
O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à
quantidade de "foda-se!" que ela diz.
Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"?
O "foda-se!" aumenta a minha auto-estima, torna-me uma
pessoa melhor.
Reorganiza as coisas. Liberta-me.
"Não quer sair comigo?! - então, foda-se!"
"Vai querer mesmo decidir essa merda sozinho(a)?! - então,
foda-se!"
O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição.
Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos
extremamente válidos e criativos para dotar o nosso vocabulário
de expressões que traduzem com a maior fidelidade os nossos
mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo a fazer a sua
língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que
vingará plenamente um dia.
"Comó caralho", por exemplo. Que expressão traduz melhor a
ideia de muita quantidade que "comó caralho"?
"Comó caralho" tende para o infinito, é quase uma expressão
matemática.
2
A Via Láctea tem estrelas comó caralho!
O Sol está quente comó caralho!
O universo é antigo comó caralho!
Eu gosto do meu clube comó caralho!
O gajo é parvo comó caralho!
Entendes?
No género do "comó caralho", mas, no caso, expressando a
mais absoluta negação, está o famoso "nem que te fodas!".
Nem o "Não, não e não!" e tão pouco o nada eficaz e já sem
nenhuma credibilidade "Não, nem pensar!" o substituem.
O "nem que te fodas!" é irretorquível e liquida o assunto.
Liberta-te, com a consciência tranquila, para outras actividades
de maior interesse na tua vida.
Aquele filho pintelho de 17 anos atormenta-te pedindo o carro
para ir surfar na praia? Não percas tempo nem paciência.
Solta logo um definitivo:
"Huguinho, presta atenção, filho querido, nem que te fodas!".
O impertinente aprende logo a lição e vai para o Centro
Comercial encontrar-se com os amigos, sem qualquer problema,
e tu fechas os olhos e voltas a curtir o CD (...)
Há outros palavrões igualmente clássicos.
Pense na sonoridade de um "Puta que pariu!", ou o seu
correlativo "Pu-ta-que-o-pa-riu!", falado assim, cadenciadamente,
sílaba por sílaba.
Diante de uma notícia irritante, qualquer "puta-que-o-pariu!", dito
assim, põe-te outra vez nos eixos.
Os teus neurónios têm o devido tempo e clima para se
reorganizarem e encontrarem a atitude que te permitirá dar um
merecido troco ou livrares-te de maiores dores de cabeça.
E o que dizer do nosso famoso "vai levar no cu!"? E a sua
maravilhosa e reforçadora derivação "vai levar no olho do cu!"?
Já imaginaste o bem que alguém faz a si próprio e aos seus
quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de
seu interlocutor e solta:
"Chega! Vai levar no olho do cu!"?
3
Pronto, tu retomaste as rédeas da tua vida, a tua auto-estima.
Desabotoas a camisa e sais à rua, vento batendo na face, olhar
firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado
amor-íntimo nos lábios.
E seria tremendamente injusto não registar aqui a expressão de
maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu-se!". E a
sua derivação, mais avassaladora ainda: "Já se fodeu!".
Conheces definição mais exacta, pungente e arrasadora para
uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de
ameaçadora complicação?
Expressão, inclusivé, que uma vez proferida insere o seu autor
num providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo
assim como quando estás a sem documentos do carro, sem
carta de condução e ouves uma sirene de polícia atrás de ti a
mandar-te parar. O que dizes? "Já me fodi!"
Ou quando te apercebes que és de um país em que quase nada
funciona, o desemprego não baixa, os impostos são altos, a
saúde, a educação e … a justiça são de baixa qualidade, os
empresários são de pouca qualidade e procuram o lucro fácil e
em pouco tempo, as reformas têm que baixar, o tempo para a
desejada reforma tem que aumentar … tu pensas “Já me fodi!”
Então:
Liberdade,
Igualdade,
Fraternidade
e
foda-se!!!
Mas não desespere:
Este país … ainda vai ser “um país do caralho!”
Atente no que lhe digo!
15 de Outubro, 2007

A primeira vez

Vera Gomes
Ontem foi a minha primeira aula de Tango. Abanei as ancas e percebi porque motivo é mais fácil dançar tango de saltos altos! E no final, Milonga para ver e roer de inveja e para ir praticando... Todos os Domingos à noite, no Teatro Barraca... A armar a barraca, claro.
06 de Outubro, 2007

Viagem à India

Vera Gomes

Apesar de já ter passado uma semana, as marcas são ainda muito recentes. Esta foi de facto uma viagem que nunca esquecerei:

 

1 - O cheiro do aeroporto quando chegamos e a tentativa de dialogo com um policia que o melhor que conseguia dizer soava a grunhidos incompreensível e enigmáticos;

 

2- O táxi que nos levou do aeroporto até ao hotel depois de termos estado uma boa meia hora à espera no aeroporto porque o hotel esqueceu-se de enviar o transfer para nos levar até lá. Claro que o ponto alto foi quando nos disseram da organização do congresso que teriam de nos acompanhar porque o taxista não sabia o caminho para o hotel. Claro que ao fim de 10 minutos a minha amiga percebeu que o cinto de segurança não funcionava e por isso, decididiu continuar completamente agarrada ao assento na vã esperança de chegarmos salvas ao hotel. As vacas na rua foram um pormenor de classe assim como a música que os carros indianos fazem sempre que metem marcha à ré.

 

3 - Os senhores do hotel também era muito... exóticos. Principalmente depois de lhes perguntar se podia trocar dinheiro no hotel. Claro que aí, extremamente atenciosos, insistiam em que lhes dessemos o dinheiro que eles fariam o câmbio. Três caramelos às 3h no quarto, não é propriamente a minha concepção de comissão de boas vindas.

 

4 - Quando finalmente se consegue algum sossego e pode começar a desempacotar a mala e pôr-me mais confortável, começa a minha amiga aos gritos na casa de banho "ai um bicho! tira-o ou nao saio daqui". E lá tive de ir à casa de banho ver o que se passava. Era nada mais nada menos que uma lagartixa morta, já meio para o seca, e ela continuava a gritar enrolada numa toalha dentro da banheira. Lá tive de fazer um funeral tipo cremação só que sem fogo e na sanita.

 

5 - O ter dito mais do que uma vez aos empregados do hotel que não queriamos ser perturbadas de manhã, e ter colocado o letreiro "Privacy Please" na porta do lado de fora do quarto não adiantou de nada. Logo às 7 da manhã (umas duas hora depois de nos termos deitado) começam a tocar à campainha do quarto e a bater à porta. Mesmo sem conseguir abrir os olhitos lá fui ver o que se passava. Eis que me deparo com um indiano a falar inglês a 300km/h e eu sem perceber patavina até porque simplesmente o meu neurónio nem sequer estava ligado. De repente, só percebi que tinhamos 15 minutos para nos arranjarmos e ir para o congresso... E o telefone começa a tocar. Era o empregrado do hotel que nos tinha importunado quando chegamos a dizer que estava no hotel o senhor para trocar o dinheiro (euros para rupias). Lá nos arranjamos o mais rapido possível, trocamos dinheiro com um fulano que apesar de nos dizerem que era do banco parecia um chulo, e apanhamos o autocarro para o recinto do congresso.

 

6 - Depois de tratarmos da papelada com o congresso e de conseguirmos um passe para a minha amiga, porque nem por sombras a ia deixar sozinha no hotel, deambulamos pelo congresso até aterrarmo nuns sofás a beber café e chá preto que ressuscitava um morto, até que o rapazinho (Shaik) que nos tinha recebido no aeroporto nos encontrou. Duas de conversa coisa e tal e fomos almoçar. Quem encontramos na zona do almoço? O Shaik! Ficamos logo a conhecer metade dos colegas da universidade dele porque estavam lá todos a trabalhar. E simpaticamente tentaram arranjar-nos comida comestível. A minha amiga já tinha vomitos com a quantidade de picante que o arroz tinha e eu entreti-me a beber sumo de melancia...

 

7 - Como tinham avisado que durante a tarde não havia autocarros, em virtude da grandiosa festa de 10 dias que estava a decorrer na cidade, resolvemos ficar pelo congresso a fazer tempo para a noite cultural que iria ocorrer nessa noite no âmbito das actividades promovidas para os participantes no congresso. Para nosso grande espanto o Shaik que encontramos por acaso disse-nos que a noite cultural havia sido cancelada. E aí começou a aventura de 5 horas para conseguirmos chegar ao hotel, entre furar barricadas de policia e esgueirar-nos a pé por entre os convivas na tentativa de não reparem em nós.

 

8 - Jantar num restaurante italiano. Ementa que mais parece um livro do Lobo Antunes. Carne e peixe nos ingredientes, nem vê-los. Pizza de queijo com queijo, queijo com rodelas de tomate, queixo com cogumelos, sopa de broculos: eis o nosso jantar.... A fome, segundo dizem, é a melhor cozinheira e pelos menos não era picante.

 

9 - Dia seguinte: dia de compras. Lá fomos nós acompanhadas pelos nossos 3 novos amigos, felizes e contentes, em carro de vidros fumados, proibidas de abrir as janelas às compras. Melhor compra: saree! Adorei! Os tecidos, as cores, os bordados à mão. Lindos! A ourivesaria também não era má, mas mesmo sendo muito mais barato do que cá, acreditem que as joias, repletas de diamantes, safiras, esmeraldas, etc continuavam a ser um pouco puxadas para a minha carteira.

 

10 - As únicas lojas com mulheres que vmos e entramos foram as lojas dos sarees. Até no alfaiate que fez o top para o meu saree apenas trabalhavam homens que esboçavam sorrisos de troça timidos por o chefe me estar a tirar medidas em zonas mais privadas do que, pelo menos eu, estou habituada. Mas fez um bom trabalho, embora, claramente, não chegue aos calcanhares das obras primas da minha mamã. Ponto alto do dia: Pizza Hut ao jantar! Aquele pão de alho com queijo (porque bacon só em sonhos) estava uma delicia! A unica pizza com carne, a de frango, uma maravilha! E aquele bocadinho de bolo enrolado no chocolate derretido, de comer e chorar por mais! Por mim, até tocava mais do que uma vez no sino para demonstrar o quão satisfeita estava! Ponto negativo: as medidas de segurança que se tornavam ridiculas. Só por sermos ocidentais, até tinhamos que despejas as mochilas....

 

11 - Dia 3 inteiramente reservado ao congresso uma vez que foi o dia da minha apresentação que por sinal correu muito bem. Dia sem grandes aventuras, excepto aquela no KFC em que o frango era picante e o empregado designadp para satisfazer todos os nossos desejos não tirava os olhos de nós, as ocidentais.

 

12 - Suposto último dia na India. O dia foi tirado para visitar alguns monumentos e como dizia a minha amiga: para fazermos fotos bonitas para mostrarmos quando chegarmos a casa. Uns monumentos nem podiamos sair do carro porque ficavam bem no meio do mercado mulçumano e por isso, não era seguro para duas ocidentais sequer espreitarem pelo vidro meio aberto. Outros, ficavam no meio da favela. Lindamente arranjandos, depois de entrar era como se entrassemos num mundo à parte.  Fruto das excentridades de um rei, sem sombra de dúvida que vale a visita, se não for mais, pela vista. Ponto reles: os chatos dos guias a tentarem convencer-nos a comprar os seus serviços, ao ponto de eu ameaçar um deles com porrada para nos deixar em paz. À saida, as miudas a pedir, os velhos, as mulheres que mal nos viram, não nos largaram, puxaram-nos os braços, batiam nas janelas do carro. De facto, não damos valor à sorte que temos e só nos apercebemos, a maior parte das vezes quando vemos o desespero e a miséria dos outros.

 

13 - Depois de um jantar no restaurante chinês do Marriot e de ameaças de não pagar a conta caso a nossa comida tivesse picante, lá foi tempo de ir ao hotel buscar as malas e rumar ao aeroporto. Tudo teria corrido bem, não fosse o nosso voo estar em overbooking! Entre muita discussão e lágrimas, lá ficamos mais uma noite na India, num hotel 5 estrelas com tudo pago, a relaxar e descansar, enquanto esperavamos pelos nossos três mosqueteiros para nos acompanharem, mais uma vez, até ao aeroporto.

 

14 - Desta viagem, fica sobretudo a noção que mais vale cair em graça do que ser engraçado. E as recordações, boas e más, da viagem mais estranha que fiz até hoje tornam uma semana da minha vida em algo completamente inesquecível. Ficam os amigos para a vida, as recordações e um desejo de rever aqueles que foram os nossos heróis.

 

Por curiosidade, ainda não comi frango desde que voltei....